É preciso reagir

O estado do Pará, que sediará a COP 30 em sua capital, Belém, é, sem dúvida, um dos lugares mais belos e singulares do nosso planeta. Suas belezas naturais, sua culinária e seu povo trazem uma marca indelével à nacionalidade...

Lucas Lima Moura[1]

O estado do Pará, que sediará a COP 30 em sua capital, Belém, é, sem dúvida, um dos lugares mais belos e singulares do nosso planeta. Suas belezas naturais, sua culinária e seu povo trazem uma marca indelével à nacionalidade brasileira. Somam-se a isso muitas riquezas naturais que, infelizmente, são depredadas pelo grande capital há décadas, com a anuência dos poderosos daqui e alhures.

Entretanto, a situação socioeconômica da população do estado é extremamente precária. Falta em todos os municípios saneamento básico, água potável e infraestrutura mínima para uma sobrevivência digna. Nas comunidades rurais, indígenas e ribeirinhas, o ambiente é ainda mais inseguro e a falta de políticas públicas muito mais aguda.

Com efeito, a saída para um ganho de consciência crítica, que se refletirá na ação política de cada morador desses territórios para transformar essa situação, é a educação pública. No entanto, o acesso e o desenvolvimento de uma prática educacional verdadeiramente libertadora vêm sendo sistematicamente negados e sabotados pelos governos, em todos os seus níveis: federal, estadual e municipal.

Contudo, o estado e os municípios são mais cruéis no sucateamento da educação, e o alvo principal são os docentes. Professoras e professores têm vivido sob um ataque implacável do governador Helder Barbalho e dos prefeitos. Temos visto a implementação de uma política educacional baseada em leis neoliberais que retiram direitos, dinheiro e a dignidade dos educadores.

Essa política se materializa em uma pedagogia do adoecimento. Dito de outra maneira, com a retirada cada vez mais brutal das poucas benesses existentes na legislação, uma metodologia adoecedora tomou conta das escolas, voltada para as avaliações externas SAEB e internas SISPAE. Tal pedagogia tem provocado uma onda de doenças neurais como depressão e burnout, principalmente por conta das relações laborais desrespeitosas existentes entre os dirigentes políticos e seus subordinados nas escolas, especificamente o aparato gestor capitaneado pelos diretores. Destarte, compreendemos que essa pedagogia adoecedora faz parte de um projeto intencional dos governos que buscam suprimir dos trabalhadores e trabalhadoras da educação sua força de vontade e capacidade de luta. Eles querem nos quebrar por dentro e por fora!

Portanto, é preciso reagir e o nosso instrumento é o SINTEPP, que precisa urgentemente debater soluções junto à categoria, em cada escola do estado. Caso contrário, nos próximos anos teremos uma classe formada por uma multidão de docentes e demais trabalhadores da educação, sem a mínima condição física e psicológica para reagir aos desmandos governamentais.


[1]Professor da rede estadual e doutorando em Letras pela UFPA. Contato: lucaslmoura@gmail.com